Antonia com a camisa azul e Alaide |
Segundo a professora Celidalva Sousa Reis,
docente da disciplina Estágio, o Estágio Curricular Supervisionado, é indispensável
na formação de docentes nos cursos de licenciatura em qualquer área. É um
processo de aprendizagem necessário a um profissional que deseja realmente
estar preparado para enfrentar os desafios de uma carreira e deve acontecer
durante o curso de formação acadêmica, quando os estudantes devem conhecer os
espaços escolares e não escolares, entrando em contato com a realidade
sociocultural da população e da instituição.
Assim, no V semestre do curso de Pedagogia,
Antonia foi para o Estágio, e lá como estudante pode colocar em prática os
conhecimentos didáticos e pedagógicos que aprendeu na faculdade. Ao assumir a
regência, Antonia mesmo sendo deficiente visual desde os 12 anos de idade, não
encontrou dificuldade de discutir com os alunos o processo de alfabetização.
Antonia sempre teve o apoio da família para estudar, aprendeu Braile, cursou o
ensino fundamental e médio e mesmo enfrentando muitas dificuldades, não queria
desistir de estudar. Queria ver uma forma de ajudar outras pessoas a serem
autônomas. Queria ser professora.
No estágio, logo que
chegou à escola, os alunos ficaram curiosos porque a professora usava óculos
escuros, e depois a curiosidade aumentou quando ela falou que era deficiente
visual. Eles chegavam bem pertinho. Disse Antonia, que eles começavam a narrar como
estavam vestidos. Um dizia: “estou com uma blusa verde, cheia de bolinhas e o
outro gritava na minha camisa tem um bichinho.”
Foi uma festa! No
decorrer do estágio, Antonia montou um alfabeto em Braile e Português e levou
um Cartaz todo colorido, com borboletas nas bordas. Convidou cada estudante (alunos
de 06 a 12 anos) para ler as letras. Imediatamente nesta atividade onde cada
letra do alfabeto estava também em Braile, a futura docente notou que muitos
alunos da turma não reconheciam as letras e possuíam dificuldade na leitura.
Assim, junto com
Alaíde, sua colega de estágio, organizaram um projeto com foco foi na leitura. A
diretora da escola e a coordenadora pedagógica elogiaram Antonia pela dedicação
e compromisso. A professora da classe onde Antonia e Alaíde estagiaram,
ressaltou que na prática docente, a deficiência visual não impossibilitou que
Antonia ajudasse os alunos no aprendizado da leitura. “Ela foi muito criativa,
fez cartazes coloridos, chamava um por um na frente, escutava os alunos, foi
muito bom a presença dela aqui”. Ressaltou a professora.
Rita Matos,
coordenadora do curso de Pedagogia da FACEMP, sinalizou que envolvendo os docentes com o espaço escolar, concebemos o estágio obrigatório
supervisionado com o objetivo de engajar o estagiário com a realidade escolar
para que este possa ter a percepção dos desafios que a carreira do magistério
lhe oferecerá.
Dessa forma, refletir
sobre a profissão que vai assumir, visando em primeiro lugar o envolvimento e à
integração do saber com o fazer pedagógico. Desafio que Antonia e Alaíde
superaram muito bem. Os professores Silvano Sulzart e Sandra Suely que visitaram
os alunos nas escolas que estão estagiando, junto com outros professores do
curso de pedagogia, afirmaram que a vivência dos alunos estagiários nas escolas
traz informações da realidade para análise e reflexão, pois os problemas são
sempre atuais, reais, muitas vezes repetidos até que o olhar curioso do pesquisador
lance sobre eles seus questionamentos científicos, suas reflexões e estudos.
Texto de Silvano Sulzarte