“Porque”, “porquê”, “por que” ou “por quê”?
Você dormiu cedo porque estava doente?
Esta é a rua por que passei naquele dia.
Apesar de a
regra não estar incorreta, o uso destas expressões, como podemos ver
nas frases acima, é um pouco mais complexo do que a simples distinção pergunta / resposta. Para usá-las adequadamente, portanto, devemos analisar cada sentença com cuidado.
De modo bastante prático, podemos utilizar “porque” se houver
equivalência a “pois” (ou “porquanto”, “uma vez que”, “visto que”) e
“porquê” quando equivaler a “motivo” (ou “causa”):
Gosto dela porque é inteligente. (Gosto dela pois é inteligente)
Fiz o trabalho porque valia nota. (Fiz o trabalho visto que valia nota)
Não sei o porquê disso. (Não sei o motivo disso)
Expliquei-lhe o porquê da falta. (Expliquei a causa da falta)
Para todos os outros casos, devemos usar “por que”, lembrando de
acrescentar o acento circunflexo quando estiver em final de frase:
Por que você deixou a toalha sobre a cama?
Pois você deixou a toalha sobre a mesa. (INCORRETO)
Motivo você deixou a toalha sobre a mesa. (INCORRETO)
Pois você deixou a toalha sobre a mesa. (INCORRETO)
Motivo você deixou a toalha sobre a mesa. (INCORRETO)
Você não vem por quê?
Você não vem pois? (INCORRETO)
Você não vem motivo? (INCORRETO)
Você não vem pois? (INCORRETO)
Você não vem motivo? (INCORRETO)
É claro que
poderíamos dizer que “porque” é uma conjunção, “porquê”, um substantivo
e “por que” pode ser um pronome interrogativo ou relativo. Creio,
entretanto, que a explicação gramatical acaba sendo desnecessária se o
objetivo for somente usar estes termos de modo correto.
Veja mais exemplos:
Parou de correr porque está cansado?
Parou de correr pois está cansado? (CORRETO)
Parou de correr pois está cansado? (CORRETO)
Este é o caminho por que seguiu.
Este é o caminho pois seguiu. (INCORRETO)
Este é o caminho motivo seguiu. (INCORRETO)
Este é o caminho pois seguiu. (INCORRETO)
Este é o caminho motivo seguiu. (INCORRETO)
A presidente explicou por que vetou aquela lei.
A presidente explicou pois vetou aquela lei. (INCORRETO)
A presidente explicou motivo vetou aquela lei. (INCORRETO)
A presidente explicou pois vetou aquela lei. (INCORRETO)
A presidente explicou motivo vetou aquela lei. (INCORRETO)
Dei-lhe uma bronca, mas não quis saber por quê.
Dei-lhe uma bronca, mas não quis saber pois. (INCORRETO)
Dei-lhe uma bronca, mas não quis saber motivo. (INCORRETO)
Dei-lhe uma bronca, mas não quis saber pois. (INCORRETO)
Dei-lhe uma bronca, mas não quis saber motivo. (INCORRETO)
Uma observação importante: “porque” pode
vir antecedido por outras palavras, como “até” e “mesmo”. Para esta
construção, bastante comum na linguagem coloquial, aliás, a troca por
“pois” deve ser feita incluindo as duas expressões:
Não cobrei o aluno hoje, até porque ainda tínhamos alguns dias.
Não cobrei o aluno hoje, pois ainda tínhamos alguns dias.
Não cobrei o aluno hoje, pois ainda tínhamos alguns dias.
“No passado distante, (…) poucos eram os que questionavam, mesmo porque (…) pagavam com a vida seu inconformismo”. (Ferreira Gullar)
“No passado distante, (…) poucos eram os que questionavam, pois (…) pagavam com a vida seu inconformismo”.
“No passado distante, (…) poucos eram os que questionavam, pois (…) pagavam com a vida seu inconformismo”.
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