domingo, 13 de abril de 2014

Pesquisa mostra impacto de habilidades não cognitivas na aprendizagem

28 de março de 2014

Instituto Ayrton Senna realizou estudo no Rio de Janeiro com apoio da OCDE
Pesquisa mostra impacto de habilidades não cognitivas na aprendizagem
João Bittar/MEC

Do Todos Pela Educação
Nunca foi segredo para nenhum professor ou pesquisador na área da Educação que um aluno organizado, criativo ou curioso tem um desempenho melhor do que aquele que demonstra menos entusiasmo na hora dos estudos. Porém, a medida exata do impacto dessas características não cognitivas – como persistência, responsabilidade e cooperação, por exemplo – no aprendizado escolar ainda era desconhecida. Um estudo realizado pelo Instituto Ayrton Senna com apoio da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou exatamente como as habilidades não cognitivas podem colaborar no processo de aprendizagem dos estudantes.
Intitulado “Desenvolvimento socioemocional e aprendizado escolar: Uma proposta de mensuração para apoiar políticas públicas”, o estudo coletou dados de escolas da rede estadual do Rio de Janeiro para mostrar como essas características, imprescindíveis na Educação do século 21, são determinantes no desempenho em testes padronizados de língua portuguesa e matemática.
Os pesquisadores elaboraram um mecanismo para mensurar as habilidades não cognitivas em larga escala e validá-lo empiricamente por meio de uma aplicação piloto em uma amostra representativa de alunos fluminenses – foram selecionados cerca de 25 mil estudantes.
O estudo mostrou, por exemplo, que a habilidade socioemocional “conscienciosidade”, que pode ser definida como a tendência a ser “organizado, esforçado e responsável”, é aquela que está mais diretamente ligada ao desempenho em matemática. Já as capacidades “abertura a novas experiências” e “lócus de controle” (que podem ser definidos sucintamente como protagonismo e capacidades de controle e esforço pessoal sobre situações vividas) interferem mais na aprendizagem da língua portuguesa.
Os dados revelaram que crianças com altos níveis de conscienciosidade podem apresentar aprendizado em matemática 4 meses à frente daqueles que não têm as mesmas capacidades não cognitivas. Aqueles com competências como o lócus de controle bem desenvolvidas têm o domínio da língua portuguesa também adiantado em até 4 meses em relação aos demais.
Outro ponto de destaque é que o incentivo dos pais aos filhos e a quantidade de livros disponíveis em casa para estudar se mostraram condições fortemente ligadas ao desenvolvimento de capacidades socioemocionais.
“O estudo mostra a importância da contribuição dos pais, independentemente da escolaridade deles: letrados ou não, seus incentivos são extremamente importantes “, reforça Mozart Neves Ramos, diretor de inovação e articulação do IAS.
Segundo ele, as habilidades não cognitivas podem ser estimuladas em atividades e ações dentro de casa, como jogos, músicas, atividades em grupos, contação de histórias e outras iniciativas que possam estimular disciplina, responsabilidade, concentração, comunicação, persistência e trabalho em equipe.
A pesquisa contou com uma vasta revisão da bibliografia já existente dos estudos sobre o tema, coletando evidências que mostrassem que o sucesso escolar e profissional não depende apenas de capacidades cognitivas (linguagem, pensamento crítico e raciocínio, para citar alguns exemplos). Dessa bibliografia resultou uma grande listagem das categorias e características socioemocionais consideradas essenciais na atualidade.
Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação ressalta que a pesquisa é importante porque mostra a importância das habilidades não cognitivas para equilibrar as diferenças socioeconômicas. “Incentivá-las independe de renda e pode melhorar o desempenho do aluno sem importar a classe econômica dele”, afirma.
Em 2013, o Todos Pela Educação definiu 5 Atitudes que mostram como a população brasileira pode ajudar crianças e jovens a aprender cada vez mais e por toda a vida. Entre elas, está “promover as habilidades importantes para a vida e para a escola”, que trata justamente de incentivar o desenvolvimento das habilidades não cognitivas desde cedo para serem absorvidas e praticadas no dia a dia. “As 5 atitudes complementam a agenda de Metas e Bandeiras do Todos Pela Educação”.
Futuro
O Ministério da Educação (MEC), por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e o Instituto Ayrton Senna (IAS) assinaram um protocolo de intenções que incentiva pesquisas na área das habilidades socioemocionais na Educação.

Fonte: Todos pela educação

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