Professor, Historiador e Mestre em Cultura e Memória
1 Quais os principais avanços que o senhor considera que
tenham ocorrido na educação desde os Jesuítas, até os nossos dias?
Não temos em nossa trajetória de país um histórico de respeito à
educação. Acredito, no entanto, que algumas rupturas foram importantes, como: a
laicização do ensino, com O Marquês de Pombal, o ensino primário obrigatório e
gratuito estabelecido pela Constituição de 1934 e, nos últimos anos, a
universalização e a democratização do acesso ao ensino superior.
2 Como o senhor avalia as grandes mudanças que a educação está
sofrendo e o modo pelo qual o professor tem as vivenciado?
A educação precisa acompanhar as transformações da sociedade. E assim
como a sociedade é dinâmica e vive em constante estado de mutação, a educação
não pode permanecer estanque. Entendo que essas mudanças, entretanto, têm que
atender às demandas de manutenção dos que as vivem, ou seja, não dá para
construirmos planos de educação mirabolantes, pautados inclusive em modelos
importados (europeus ou norte – americanos), quando o que devemos é partir da
nossa realidade. Precisamos nos apropriar da nossa complexidade para, dela,
construirmos o real. Não podemos transformar uma sociedade através de pontos de
partida imaginários.
Sei que temos grande tarefa pela frente, sobretudo nós, educadores. Mas
acredito que temos vivenciado a dinâmica das transformações vividas pela
sociedade e pela educação de forma distante, como coadjuvantes.
O professor precisa assumir o seu protagonismo. Internalizar o papel
desafiador de construtor da realidade, se capacitando e se politizando. Não nos
cabe mais o papel do alheísmo. O professor precisa ser um militante da
educação, não apenas o reprodutor do conhecimento técnico, engendrado em
modelos falidos.
3 Sabe-se que, muitas vezes, o discurso pedagógico é bem mais
afinado com os avanços no conhecimento científico do que as práticas
cotidianas. Por que isso acontece?
Exatamente por isso. Pelo não engajamento do professor. O professor não
se considera um intelectual, não se identifica como um profissional do
conhecimento. Muitas vezes ele é panfletário, se apropria de conceitos
enferrujados, de valores pragmáticos e resiste às mudanças. Absorve a lógica do
magistério apenas como uma profissão e se sente maltratado pela estrutura (o
que é uma verdade). Daí finge que ensina. Normalmente isso também deriva da má
formação dos nossos professores, frutos de uma experiência acadêmica
deficitária onde, há muito, a Universidade deixou de cumprir um papel
satisfatório nos quesitos que lhe são prioritários: Ensino, Pesquisa e
Extensão.
4 Quais são os desafios mais importantes da educação escolar
atualmente?
Acho que o papel mais desafiador para um educador hoje, é dialogar com o
universo subjetivo do seu aluno. O professor precisa trazer o mundo para a sala
de aula afinal, fora da sala, o universo do aluno é plural, dinâmico, virtual:
um mosaico.
Fazer esse aluno crer que “pensar um saber programado” por alguns
minutos é saudável, exige uma sedução intensa. Tudo para um aluno é sedutor,
menos a aula. O ambiente é opaco, imóvel, tenso, diferente da sua realidade,
dos seus mundos.
Cabe ao professor atentar para essa dinâmica, perder o medo dos livros,
interrogar a si mesmo cotidianamente, interdisciplinar (como verbo mesmo!),
deixar que parta do aluno (ninguém é curioso com o que está pronto!) e planejar
estratégias de ação que coadunem com a realidade sócio cultural dos seus
alunos.
5 O que é ser educador?
É ter a consciência plena de que se pode transformar vidas, alicerçar
futuros, constituir cidadãos plenos.
Ser educador é se apropriar da informação, é democratizar o
conhecimento, é ter paciência...
Nos últimos anos, as atribuições do educador tem se confundido com
múltiplas tarefas, de soldado a psicólogo, de médico a pai de filhos alheios.
No entanto, o engajamento político e pedagógico do profissional da educação é
que o transformará em um educador.
O professor precisa se apropriar do seu papel, assim ele se constituirá
em um transformador da sociedade, o verdadeiro EDUCADOR!
Trabalho do Projeto Interdisciplinar do I Semestre
Professora orientadora: Celidalva Souza
Componente Curricular: História da Educação
Componentes da equipe:
Ildiane Priscila
Tatiana Alves
Karla Patricia
Heidynelle Ribeiro
Tabhita Laurentino
Evani Gomes e Caroline Oliveira
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